domingo, 20 de março de 2011

Classicismo (2)

A influência de Platão em Camões

Platão e sua filosofia foram retomadas em meados do século XV pelos humanistas da cidade de Florença e marcaram fortemente toda a produção literária do Renascimento. Percebe-se bem nítidamente essa influência de Platão em várias composições de Camões tanto em alguns sonetos quanto nas redondilhas de Babel e Sião.
Platão concebia dois mundos: o mundo sensível, em que habitamos, e o mundo inteligível, das idéias puras. Neste, encontramos as divinas essências, as verdades : Deus, o Belo, o Bom, a sabedoria, o Amor, a Justiça etc. No mundo sensível, as realidades concretas são simples sombras, ou reflexos das idéias puras. As almas, que são imortais, habitam o mundo inteligível; quando as almas caem da esfera inteligível para o sensível, conservam uma recordação que podem avivar por meio da reminiscência. Há dessa forma, uma constante busca do ideal, que não é mais do que uma tentativa de ascenção do mundo sensível (das realidades concretas - meras imitações) ao mundo inteligível (mundo da essência e da verdade universal).

No mundo sensível, temos tudo o que é expressão particular: amores particulares, verdades particulares etc. No mundo inteligível, temos A essência de tudo o que é particular: Amor (com a maiúscula) etc.
É o Amor platônico.

Essas idéias de platão foram apresentadas formalmente mediante uma figura de estilo que se chama alegoria. O próprio texto de platão se chama Alegoria da Caverna. Vejamos um pouco como as idéias podem ser resumidas por um desenho.

Esta imagem mostra um pouco o que platão escreveu para simbolizar a condição do ser humano de maneira geral.

O Amor: Um dos temas mais ricos da poesia camoniana é o Amor visto como idéia (neoplatonismo) e o amor visto como manifestaão de carnalidade. No Amor enquanto idéia ou espiritualidade, que conduz a uma idealização da mulher, é nítida a influência da poesia de Petrarca e, por extensão de de Dante.
A mulher amada é sempre retrada de forma ideal, como um ser superior, angelixal, perfeito.
Por outro lado, a própria vida atribulada do poeta, sua experiência concreta (do mundo sensível) o leva a cantar não mais um amor espiritualizado maisum amor terreno, carnal, erótico). É a vênus que aparece em inúmeras poesias líricas e também em os lusíadas.  A impossibilidade de obter uma síntese desses  dois amores leva a poesia camoniana algumas vezes a uma contradição que se manifesta no uso de antíteses.

O " desconcerto do mundo" - Foi outro tema importante em Camões. Foi um dos temas que o perturbou, manifestando-se nas injustiças, no prêmio aos maus e no castigo aos bons; na ambição e na tentativa de guardar bens que acabam no nada (morte), nos sofrimentos constantes num conflito entre o ser et o dever ser.   

 " Quem pode ser no mundoi tão quieto
ou quem terá tão livre o pensamento
(ao)
ver e notar do mundo o desconcerto?"

Diante dessa questão que o angustiou tanto, o poeta parece não achar solução e se conforma. Esse inconformismo se manifesta nos seguintes versos:

"Os bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos,
e, para mais me espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contetamentos.

Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau. Mas fu castigado.
Assim que só para mim
anda o mundo concertado."

 Fontes: Livro Literatura Portuguesa: da Idade Média a Fernando Pessoa.

sábado, 19 de março de 2011

O Classicismo Português (1)

O Classicismo se inicia em portugal no ano de 1527. O marco cronológico inicial desse período é a volta de Sá de miranda a Portugal, após passar seis anos na Itália. Ele vai introduzir em Portugal novos conceitos de arte e um novo ideal de poesia, conhecidos como dolce stil nuevo (doce estilo novo).
Em oposição ao ideal quatrocentista de poesia, escritas em redondilha maior ou menor, Sá de Miranda Traz da Itália a medida nova (versos decassílabos), já cultivada por Dante Alighieri e Francisco Petrarca.
Novas formas poéticas de inspiração clássica passam a ser compostas pelos artistas chamados humanistas: O soneto ( composição de 14 versos dividido em dois quartetos e dois tercetos), a Ode (poesia de exaltação), a Elegia (composição inspirada em sentimentos tristes), a écloga (composição amorosa pastoril, a epístola (composição poética à maneira de uma carta)

O século XVI é considerado um período áureo da arte et perticularmente da literatura portuguesa. Ao lado das maravilhosos monumentos arquitetônicos do periódo manuelino (governo de D. Manuel), temos a produção do humanista Gil vicente, e o renascimento português encontra sua máxima expressão em Luís de Camões. Também, é no século XVI que a língua portuguesa assume contornos definitivos, iniciando o período de Portugal Moderno.

O Renascimento em Portugal

No século XIV, verifica-se o fim do monopólio clerical no que diz respeito à cultura. Os filhos dos burgueses começam a frequentar as universidades e a tomar contato com uma cultura desligada dos conceitos medievais.
A nova realidade econômica vivida pela Europa com a decadência do feudalismo e o fortalecimento da burguesia exige uma nova cultura, mais liberal, antropocêntrica, identificada com o mercantilismo.

Renascimento teve por berceau a Itália antes de se estender aos demais países europeus.

Características do Classicismo:

O Classicismo é a época literária que se fundamenta na imitação da estética literária seguida pelos mestres da Antiguidade clássica greco-romana. Imitava-se primeiro a Itália e depois a Antiguidade. A literatura passa a se caracterizar pela retomada da mitologia pagã, pela perfeição estética, marcada pela pureza de formas. Os homens do séculos XVI acreditavam que os antigos gredos e romanos eram detentores dos ideais de beleza. Dessa forma, Platão, homero, Virgílio e outros mestres da Antiguidade são imitados como valores eternos.
A poesia adota certas formas poéticas fixas, sujeitas a determinadas regras. Com isso surge um novo conceito de poesia, uma vez que os poetas se sentem mais preparados intelectualmente se comparados aos poetas medievas medievas. Os  temas são vários: reflexão moral, filosofia, lirismo amoros, política et...
Quanto à métrica, ao lado de uma herança medieval, representada pelas redondilhas, usa-se a medida nova.

Além do Soneto introduzido em Portugal por Sá de Miranda, o Classicismo cultiva a epopéia, segundo os modelos de Homero (Ilíada e Odisséia) e de Virgílio (Eneida).

A Produção Literária

Luís Vaz de Camões

A vida de Camões ainda permanece cheia de dúvidas. Admite-se como a data mais provável de seu nascimento ano de 1524. É considerado como o maior escritor português de todos os tempos.
Sua obra é composta de poesia lírica , uma poesia épica, três peças para teatro e almas cartas.

Camões lírico:

Camões é tradicionalmente considerado o maior poeta lírico português. Sua poesia lírica apresenta-se marcada por uma dualidade: uma poesia de nítida herança da tradicional poesia portuguesa, inclusive escritos em redondilhas e uma poesia perfeitamnete enquadrada no estilo novo do renascimento. Entretanto, não se pode dizer que Camões tenha conseguido isolar sua influências; pelo contrário elas se encontram misturadas, fundidas, resultando daí uma obra típica do século XVI.

Para uma visão da poesia lírica camoniana, passamos a uma rápida caracterização dos principais temas abordados:

Poesia tradicional - A herança das cantigas trovadores aparece principalmente nas redondilhas. O mar, a fonte, a natureza surgem constantemente em diálogos, lembrando as cantigas de amigo.

Cantiga

" Cantiga alheia:
        Na fonte está Lianor
        Lavando a talha e chorando
        As amigas perguntando:
         - Vistes lá o meu amor? "

Como se pode observar, é a mesma temática das cantigas de Amigo, só que agora escrita em terceira pessoa, e não mais em primeira, ou seja, o poetas não mais escreve colocando-se no lugar da mulher, mas escreve sobre a mulher angustiada à espera de seu namorado.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Literatura Portuguesa : Trovadorismo e Humanismo


A literatura portuguesa se divide em três longos espaços de tempos, acompanhando as grandes transformações vividas pela Europa: Era medieval, Era Clássica e Era romântica ou Moderna.

A Era Medieval: (Esse período se inicia com o texto mais antigo da literatura portuguesa: a Canção de Ribeirinha (1198) também conhecida como Canção de guarvaia), de Paio Soares de Taveirós. A Era Medieval vai até 1527 e  se divide em dois períodos:

Trovadorismo e Humanismo. 

A cultura trovadoresca, surgida entre os séculos XI e XII, reflete bem o momento histórico que caracteriza o período. Na Europa era o momento das cruzadas, na península ibérica, a luta contra os mouros. O poder político estava dominado pelo feudalismo ao passo que o poder espiritual estava nas mãos do clero católico, detentor da cultura e responsável pelo pensamento teocêntrico (Deus como centro de todas as coisas).
Veremos mais para frente como  este sistema político será transferido na poesia: O amor vai ser uma relação de vassalagem feudal já que as formas de pensamento são feudais. O que quer dizer que o Feudalismo engendra uma forma de pensar feudal. Como o capitalismo engendra uma forma de pensar capitalista.

Características e origem do trovadorismo:

Trovadorismo ou 1ª época Medieval, é o período que se estende de 1189 – data provável da Canção da Ribeirinha, cantiga de Amor de Paio Soares de Taveirós, considerado o mais antigo texto escrito em galego-português – até 1434, com a nomeação de Fernão Lopes para o cargo de cronista-mor da Torre do Tombo.

A literatura medieval portuguesa tem sua origem em Provença, região do sul da França. E nessa região que se desenvolve a arte dos trovadores que tanto vai influenciar as cantigas de amor em Portugal. Isso não significa que os trovadores portugueses se limitavam a ume mera imitação.
Intercambio entre portugueses e provençais pela proximidade geográfica e pelo amplo desenvolvimento comercial.
As peregrinações a Santiago de Compostela. Isso facilitava a confraternização cultural.
Casamentos de reis e nobres portugueses com mulheres da nobreza provençal que traziam no séqüito um trovador (poeta).
Todos os textos poéticos dessa primeira época medieval eram acompanhados por música e normalmente cantados em coro, daí o nome de Cantigas.  Isso ocasionou uma verdadeira hierarquia de artistas.

Trovador: era um poeta, quase sempre nobre, que compunha sem preocupações financeiras. Fazia trovas (composições que aliava a poesia à música).

O Segrel, Jogral ou Menestrel: Era um homem de condição social inferior, que exercia sua profissão de castelo em castelo, entretendo a alta nobreza.

Soldadeira ou Jogralesa: moça que dançava, cantava e tocava pandeiro ou castanholas.

Quando a literatura provençal chegou a Portugal, encontrou uma forma de poesia folclórica local falada na língua galega e marcada por bailados.
A associação das duas estéticas gerou novas formas poéticas conhecidas como:
Cantigas de Amigo, de Amor,
de Escárnio e de Maldizer.

 Podemos reconhecer dois grandes grupos de cantigas: as cantigas líricas e as cantigas satíricas.  As cantigas líricas são: as cantigas de amigo e as cantigas de amor. As cantigas satíricas são: as cantigas de escárnio e de maldizer.

As Cantigas de amigo

De procedência galego-portuguesa. O ambiente é rural (popular) e todas as composições da época eram feitas por homens. Porém, o eu lírico era feminino. Isto é: o poeta faz a namorada falar, ela que expressa os sentimentos de amor, ela quem os dirige ao namorado (amigo).
Podemos dizer que o poeta (trovador) se finge de mulher, ou mesmo transforma-se nela por um esforço admirável de imaginação. A principal característica das cantigas de amigo é o sentimento feminino que exprimem apesar de escritas por homens.
Agora é a mulher quem sofre por se ver separada do amigo (amante ou namorado); a mulher vive angustiada por não saber se o amigo voltará ou não, se a trocará por outra etc. O ambiente descrito nas cantigas de amigo não é mais a Corte, mas a zona rural, a mulher é sempre uma camponesa.

As cantigas de Amigo apresentam um trabalho formal mais apurado em relação às cantigas de amor.  É comum a utilização de do paralelismo (versos que se repetem no final de cada estrofe).

 Exemplo de cantiga de amigo (de D. Dinis)

Ai flores, ai flores do verde pino,
Se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u são?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
Se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u são?
Se sabedes novas do meu amigo,
Aqui que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u são?
Se sabedes novas do meu amado,
Aqui que mentiu do que mi há jurado!
Ai Deus, e u são?”
(...)

Essa Cantiga foi composta por D. Dinis, considerado como o melhor trovador português.

Paralelística.

A técnica consiste em repetir a idéia central em duas séries de estrofes paralelas, ou seja, mudando apenas a última palavra do verso:

Exemplo:
Ai flores do verde pinho
Se sabedes novas do meu amigo
Ai flores do verde ramo,
Se sabedes novas do meu amado.

As cantigas de amigo dependendo do cenário, do local marcado para o encontro, ou do assunto podem dividir-se em:

Albas: o tema relaciona-se com o amanhecer, cantigas que saúdam o sol.
Serenas: Temas em relação com o poente. (vão louvar o poente)
Barcarolas: tema em relação com o mar, rio ou lago
Bailias ou bailadas: Temas que se referem às danças
Romarias: apropriadas para comemorações religiosas.

As Cantigas líricas: Cantigas de Amor e de Amigo

Cantigas de amor (sofrimento por amor) entre século XI - XIII

As cantigas de amor são origem francesa. Distinguem-se das de amigo, em primeiro lugar, por ser o homem que fala. Essas cantigas fazem ou louvor da pessoa amada. Para cantar os dotes dessa pessoa amada, o poeta recorre á natureza que empresta os símbolos e elementos de comparação. Revela as cantigas de amor maior cultura, porém mais artificialismo. Uma característica essencial dessa poesia é a vassalagem de amor:
A vassalagem de amor é a teoria do amor cortês.

Características;

O ambiente das cantigas de amor é sempre o palácio, com o trovador declarando seu amor por uma dama tratada de “senhor” daí, o relacionamento respeitoso, cortês, dentre dois mais puros padrões medievais que caracterizam a vassalagem, a servidão amorosa. Dessa forma, a mulher é vista como um ser inatingível, uma figura idealizada. Palavras características desse amor como: “ Coita d´Amor” representava o sofrimento amoroso. Coitado em galego-português significava: apaixonado, aflito, sofrido.  o tratamento é respeitoso, sendo a dama sempre referida como senhor. 

Um exemplo de cantiga de amor:

No mundo não me sei parelha
mentre me for como me vai,
ca já moiro por vos ai!
Mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraya
Quando vos eu vi em saya.
Mão dia me levantei
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquel dia´, ai!
Me foi a mi mui mal
E vos, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D´aver eu por guarvaia
Pois eu, mia senhor, d´alfaia
Nunca de vos houve nen hei vali d´ua correa

Tradução:

No mundo ninguém se assemelha a mim (Parela: semelhança)
enquanto a minha vida continuar como vai
Porque morro por vós, e aí
Minha senhora de pele alva e faces rosadas,
Quereis que vós descreva (retrate)
Quando vos eu vi sem manto (saia: roupa íntima)
Maldito dia me levantei
Que não vos vi feia (ou seja, a viu mais bela)
E, minha senhora, desde aquele dia, aí
 tudo me foi muito mal
e vós, filha de don Pai
Moriz, e bem vós parece
De ter eu por vós guarvaia (roupas luxiosas)
Pois eu, minha senhora, como mimo (ou prova de amor) de vós nunca recebi
Algo mesmo, sem valor. (Correa: coisa sem valor)

Esse texto é a Cantiga de Ribeirinha, considerada como a primeira obra em língua portuguesa.  Não se sabe exatamente a data de publicação podendo ser 1189 ou 1198. Trata-se de uma cantiga de amor, cujo autor é Paio Soares de Taveirós e foi dirigida a Maria Paes Ribeiro, a “Ribeirinha”, amante de Dom Sancho I. A mulher mais cobiçada naquela época.

As cantigas satíricas: Cantigas de escárnio e de maldizer

Cantiga de escárnio

A cantiga de escárnio faz uma crítica indireta, de forma irônica, sem aludir ao nome da pessoa criticada. A terminologia é elegante e discreta, a crítica é subentendida.

Cantiga de maldizer:

Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira direta e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavrões.  Os criticados são nobres decadentes, mulheres de vida duvidosa e assim por diante.

Exemplo de cantiga de maldizer de Joan Garcia de Guilhade

Ai dona fea foste-vos queixar
que vos nunca louv'en meu trobar
mais ora quero fazer un cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!
ai dona fea! Se Deus mi pardon!
pois avedes tan gran coraçon
que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já en bom cantar farei
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!”

Esse texto é considerado como cantiga de escárnio já que a sátira é indireta e não cita-se o nome da pessoa especifica. Mas, se o nome fosse citado ela seria uma Cantiga de Maldizer.

A prosa  medieval

            Além das cantigas literárias, na época do Trovadorismo apareceram também as novelas de cavalaria. São as aventuras heróicas e místicas da cavalaria, que falavam de grandes batalhas e guerras contra os inimigos da honra e da religião, os grandes e belos salvamentos das donzelas, a luta contra monstros, a proteção de pobres indefesos, a proteção dos feudos e dos reinos, etc.
            A primeira novela de cavalaria de que se tem notícia surgiu na Bretanha: Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, que depois se espalharam por toda a Europa cristã. Algumas novelas tiveram grande repercussão em Portugal. São elas: A Demanda do Santo Graal, José de Arimatéia, Amadis de Gaula.
Em geral estas histórias narravam as aventuras de cavaleiros (representantes do bem) que lutavam para vencer o mal, estes cavaleiros representavam os padrões da igreja católica e estava disposto a realizar inúmeros sacrifícios para defender a honra cristã. Costumeiramente as novelas de Cavalaria não possuíam autoria e eram utilizadas para propagar pela Europa a fé cristã.

Atividade:

1) Leia o texto abaixo:
Brisa do mar
Confidente do meu coração
Me sinto Capaz de uma nova ilusão

Que também passará
Como ondas na Beira de um cais
Juras, promessas, canções
Mas por onde andarás

Pras ser feliz não há lei
Não há porém sempre é bom
Viver a vida atento ao que diz
 No fundo do peito o seu coração

E saber entender
Os segredos que ele ensinou
Mensagens sutis
Como a brisa do mar 

Nana Caymmi.


O texto tem semelhança com um tipo de cantiga trovadoresca.

a) Que tipo de cantiga é essa?
b) Justifique a sua resposta

2) Assinale a alternativa incorreta:

a)    Na cantiga de amor o eu lírico é feminino
b)    Na cantiga de amor, o trovador canta o sofrimento do amor não correspondido.
c)    Na cantiga de escárnio a crítica é feita de forma indireta
d)    Na cantiga de amigo, a mulher faz uma queixa a alguém ou a um elemento da natureza por ter sido abandonada ou esquecida pelo amado.
e)    Na cantiga de maldizer a crítica é feita de maneira sutil.



                                                                               

Literatura: tentativa de definição


1. Noções gerais sobre literatura!

1.1 O que é literatura?
             
Podemos dizer que a literatura é a expressão artística que tem como matéria prima a palavra. É uma combinação de palavras com uma intenção estética. Ao combinar as palavras, o escritor alcança novos significados (metáforas) sobre os quais acaba criando sua própria realidade através da imaginação. Portanto, a literatura é invenção. Uma invenção calcada sobre as situações básicas da vida do escritor, sua visão de mundo, seu talento e sua sensibilidade. Ao fugir da realidade, o escritor cria ficção. É por isso que a literatura é considerada como ficção. Embora criando uma ficção, o escritor não consegue fugir da contextualidade: contexto histórico, social, econômico, filosófico ou religioso etc.

1.2 Os gêneros literários:

Na arte literária, as obras podem ser classificadas em gêneros. Gênero são maneiras de se classificar as obras literárias que possuem características em comum. Existem diversas formas de classificar as obras literárias. A mais comum é a utilizada pelo filósofo grego Aristóteles, que dividia a Literatura em três gêneros: o épico, o lírico e o dramático.

Gênero épico:

Trata do mundo exterior e das relações do homem com este mundo. Este gênero é mais objetivo e há predominância de um narrador que conta um fato num ambiente dotado de elementos como tempo, espaço, personagem.
A maior representante do gênero épico é a epopéia que conta a história de alguém, de algum povo, alguma tribo, algum herói, fatos e acontecimentos; portanto, envolve aventuras, guerras, viagens, gestos heróicos e grandiosos. A epopéia pode trazer elementos sobrenaturais, que auxiliam ou dificultam a ação do herói. Temos como exemplos de epopéia a Ilíada e a Odisséia, do poeta grego Homero; e também Os Lusíadas, do português Camões (que veremos mais adiante). O gênero épico é utilizado na narrativa: epopéia, romance, novela, conto, etc.

Gênero lírico:

 O gênero lírico relata o mundo interior do poeta. O autor faz uso de mecanismos subjetivos para ver e interpretar o mundo. O subjetivismo é a característica marcante do gênero lírico, é o texto em que o eu-lírico* exprime suas emoções, idéias e impressões do mundo. O gênero lírico é predominante na poesia e seus derivados como (ode, elegia, soneto, quadra, etc.).

* O Eu-lírico é a voz de quem fala no poema, como se fosse a personagem do poema: é ele que declama, são suas emoções e sentimentos no poema.

Gênero dramático:

Trata-se do gênero em que os personagens falam diretamente, expondo seus dramas e conflitos. O texto dramático é feito para a encenação teatral, ou seja, é representado por atores, que encarnam os personagens. Os principais representantes do gênero dramático são os seguintes: Tragédia, comédia, drama, farsa tragicomédia etc.

1.3 Estética e tendências literárias:

Ao longo dos séculos, a arte foi dividida em duas principais correntes estéticas:

A primeira baseia-se nos princípios greco-romanos: valoriza a forma, a beleza absoluta e a universalidade temática. Nela predomina a razão e concebe a arte como conceito puramente estético.
A segunda corrente valoriza a emoção, o senso do mistério influenciado pelo misticismo religioso. Nela predomina a subjetividade e o sentimentalismo.