sexta-feira, 17 de junho de 2011

Literatura Portuguesa: Trovadorismo e Humanismo (2)

HUMANISME:
Período tipicamente de transição da cultura medieval para a cultura clássica. Estende-se de 1437 a 1527 com a volta de Sá de Miranda da Itália e a introdução do Renascimento Literário em Portugal.
A 2ª Época Medieval ou Humanismo.  
INÍCIO: nomeação de Fernão Lopes para cronista-mor da Torre do Tombo. (1434). TÉRMINO: Sá de Miranda traz da Itália a Medida Nova e outras inovações (1527).
Cronista-mor: cargo do reino português
Torre do tombo: arquivo central de Portugal
O humanismo é período muito rico no desenvolvimento da prosa, graças aos trabalhos dos cronistas, sobretudo, Fernão Lopes, considerado o iniciador da historiografia portuguesa. Outra manifestação importantíssima que se desenvolve mo humanismo, é , o teatro popular de Gil Vicente. A poesia conhece um momento de decadência.  

Contexto histórico:
O Humanismo marca toda a transição de um Portugal caracterizado por valores medievais para uma nova realidade, em que se percebe, a ascensão de uma nova classe social: a burguesia. A economia de subsistência feudal é substituída pelas atividades comerciais.
Como conseqüência:
  • o antropocentrismo: homem como centro do universo vai,substituir o teocentrismo medieval.
  • crise do sistema feudal
  • crise na Igreja ( leva a Igrja a ter dos papas: um em Roma outro em avignon.
  • desenvolvimento comercial: início da ascensão da burguesia, a nova classe social; Expansão marítima
  • Surgimento dos livros e democratização do conhecimento
I)             A crônica Histórica Portuguesa: Fernão Lopes
Como cronista, Fernão Lopes tinha um compromisso com a verdade histórica. Isso o conduz à uma imparcialidade na análise dos fatos. Além disso nos dá em sua obra uma visão do conjunto da sociedade  portuguesa da época, 

  • Crônica histórica: união do literário e do histórico.
  • Imparcialidade na visão dos acontecimentos.
  • Compromisso com a verdade histórica.
  • Interesse pelo lado humano dos acontecimentos que determinaram a história.
  • Critica o rei e os nobres em seus textos.
  • Produz três crônicas: Crônica del-Rei D. Pedro I, Crônica del-Rei D. Fernando e Crônica del-Rei D. João I
II)            A poesia Palaciana: Garcia de Resende (quem a organizou)
A poesia palaciana assim chamada por ser feita pornobres para a nobreza ou quatrocentista por se desenvolvernos anos de 1400.
A principal modificação apresentada pela poesia palaciana é a separação entre a música e o texto.
  • Toda a poesia desse período foi compilada por Garcia Resende no seu Cancioneiro Geral
  • Poesia palaciana ou poesia quatrocentista era feita por nobres para a nobreza
  • Separação da poesia do canto e da música.
  • Inovação formal: utilização da redondilha maior, o verso de sete sílabas.
  • Tema: idealização da mulher (próximo ao ideal feminino medieval)

  • III) Teatro Popular: Gil Vicente
É considerado o criador do teatro português. o teatro de Gil Vicente é basicamente caracterizado pela sátira, criticando o comportamento de todas as camadas sociais: a nobreza, o clero e o povo.
  • Iniciador do teatro popular em Portugal: Auto da Visitação ou monólogo do vaqueiro.
  • Satiriza o clero, a nobreza e o povo.
  • Retrata os valores populares e cristãos da vida medieval.
  • Critica, de forma contundente, a sociedade.
  • Temas de caráter universal.
  • Tipos humanos: o papa, o clero, o rei, a mulher adúltera, diabos, velho inocente, judeus, etc.
  • Suas peças voltadas para a edificação do homem.  
Quanto á forma, é um teatro totalmente escrito em versos (redondilhas = versos de 7 sílabas). O teatro de Gil Vicente é extremmente simples. Tampouco obedece às três unidades do teatro clássico: Ação, lugar e tempo. è por isso que seu teatro é visto como ágil e moderno.
Uso do recurso da alegoria para expressar um pensamento sob forma figurada: ou seja, dizer uma coisa por meio de outra.  Exemplo da Alegoria da Caverna de Platão.
Auto: é uma designação genérica para textos poéticos (normalmente em redondilhas) que serviam para representação teatrais  em fim da Idade Média.

Atividade: Analise as afirmações a seguir:
I. Embora pertencentes ao período renascentista, os autores do Humanismo português mantinham forte influência medieval, principalmente na visão cristão do homem.
II. O teatro de Gil Vicente é o expoente artístico-cultural desse período em Portugal.   
III. A histografia teve um papel secundário no período humanista português
a) Apenas I está correta
b) Apenas II está correta
c) I e II estão corretas
d) Nenhum está correta.
e) Todas estão corretas.
2) Houve um momento em que a poesia se dissocia da música e ganha uma temática ligada a futilidades e a obras de apuro métrico e estético.
a) Como ficou conhecido esse momento no Humanismo português? b) Que nome se dá à coleção desses textos literários
3) Sobre Fernão Lopes, não se pode afirmar que:
a) não se pode negar o espírito objetivo e justo com que analisou os documentos históricos a que teve acesso como guarda-mor dos arquivos do Estado.
b) Usou, em seus textos, tanto a narração quanto a descrição, mas desprezou a utilização de diálogos, para não empobrecer suas crônicas.
c) foi considerado o “Pai da História” em Portugal ou o iniciador da historiografia científica portuguesa.
d) são de sua autoria a Crônica de D. Pedro, a Crônica de D. Fernando e a Crônica de D. João I.
e) fez parte do Humanismo português, escola literária que marcou a transição da Idade Média para o Renascimento.

4) O Humanismo:

a) mostra a substituição do Antropocentrismo (o Homem é o centro do universo) pelo Teocentrismo (Deus é o centro do universo).
b) tem início em 1434, quando Fernão Lopes passa a ser o Cronista-mor de Portugal.
c) retrata que os problemas humanos, aos poucos, tornam-se fonte de preocupação para os escritores.
d) além de Amadis de Gaula, a mais famosa novela de cavala-ria da época, foi a época literária em que surgiu A Demanda do Santo Graal.
e) tem, entre seus textos literários, os de prosa doutrinária, que foram escritos com a finalidade de ensinar ao povo os elementos básicos para sua educação.

Auto da feira:
Um dos autos religiosos de Gil Vicente, esta peça é cheia de figuras alegóricas e que segue os preceitos católicos da época. Nele, a figura da Alma aparece, e é levada pelo Anjo Custódio até a Igreja, sendo obstaculizada pelo Diabo, que a tenta com vários pecados. Chegando na estalajadeira que é representação da Igreja, a alma descansa e é derrotado o Diabo. Dentro da Igreja aparece a figura de quatro grandes teólogos: São Tomás, Jerônimo, Ambrósio e Agostinho.

Auto da visitação:
 
O Auto da Visitação, ou Monólogo do Vaqueiro, é uma peça de teatro portuguesa do século XVI. De raízes espanholas, foi a primeira obra de Gil Vicente, composta para anunciar o nascimento do príncipe D. João, futuro João III de Portugal. Estreou em 1502 no Paço Real, então no Castelo de São Jorge, em Lisboa, na presença do soberano, da rainha e da Corte.
Em ordem cronológica, vejamos as principais: _ Monólogo do vaqueiro (ou Auto da Visitação) (1502); _ Milagre de São Martinho (1504); _ Auto da Índia (1509); _ Écloga dos Reis Magos (1510); _ Farsa O Velho da Horta (1512); _ Moralidade da Sibila Cassandra (1514); _ Farsa Quem tem farelos? (1515); _ Auto de Mofina Mendes (151); _ Primeiro Auto da Moralidade das Barcas (1517); _ Moralidade da Alma (1518); _ Segundo Auto da Moralidade das Barcas (1518); _ Terceiro Auto da Moralidade das Barcas (1519); _ Auto da Fama (1520); _ Comédia de Rubena (1521); _ Farsa de Inês Pereira (1522); _ Comédia de Amadis de Gaula (1523). A linguagem de Gil Vicente Gil Vicente emprega, em geral, a língua do povo, a língua de transição entre a arcaica e a clássica


Literatura Portuguesa: Trovadorismo e Humanismos (1)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Literatura: Barroco em Portugal e no Brasil

Em Portugal, o barroco começa em 1580 com a unificação da Península Ibérica o que gera um forte domínio espanhol em todas as atividades.  Daí o barroco português ser chamado também de escola espanhola.

O estilo Barroco nasceu da crise de valores renascentistas ocasionada pelas lutas religiosas e pela crise econômica vivida em conseqüência da falência do comercio com o oriente.  O homem barroco vivia num estado de tensão e desequilíbrio, do qual tentou evadir-se pelo culto exagerado da forma, sobrecarregando a poesia de figuras, como a metáfora, a antítese, a hipérbole e a alegoria.

                Contexto Histórico:
·         Ascensão e declínio de Portugal
Se os primeiros 25 anos do século XVI podem ser considerados como o período áureo de Portugal, os 25 últimos anos desse mesmo século podem ser considerados como o período mais negro de sua história.
O comércio e a expansão do império ultramarino levaram Portugal a conhecer uma grandeza aparente. Ao mesmo tempo que  Lisboa era considerada a capital mundial da pimenta, a agricultura era abandonada. As colônias, principalmente o Brasil não deram a Portugal riquezas de imediato. Co a decadência do comércio das especiarias orientais, observa-se o declínio da economia portuguesa.
Paralelamente a isso, Portugal vive:
·         Crise dinástica: em 1578, D. Sebastião desaparece em Alcácer-quibir na África.  (batalha) ( Don Sebastião Rei de Portugal querendo transformar novamente Portugal em um grande império conquistando novas terras desaparece em Alcácer-quibir na África do norte. Dois anos mais tarde:  
·         Filipe II da Espanha consolida a unificação da Península Ibérica: reunifica Espanha e Portugal.
·         1640: Restauração: Portugal volta a recuperar sua autonomia
·         Mito do Sebastianismo. (A crença de que Sebastião      voltaria e transformaria Portugal no Quinto Império do mundo.
·          Conservadorismo da Igreja se intensifica, reagindo contra a inovação e os valores burgueses. 
Essa situação contraditória irá se refletir na literatura.

Carasterísticas do Barroco:
No Barroco prevalece o contraste de temas:
Vida eterna x vida terrena; Espiritualidade x materialidade; Corpo x alma; Eu x mundo; Cristianismo x reforma; Vida x morte; Religioso x profano; Real x ideal; Espírito x carne; Sensualismo x misticismo; Realismo x idealismo.

A estética Barroca : 
Podemos notas dois estilos  no barroco literário:
Cultismo e  conceptivismo

Cultismo : é caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante; valorização do pormenor mediante jogos de palavras. Estilo chamado de gongorismo do nome do artista espanhol Luís de Gôngora.
Conceptivismo: é marcado pelo Jogo de idéias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista que utiliza uma retórica aprimorada. Esse estilo é conhecido como Quevedismo do artista espanhol  Quevedo.
Principais artistas barrocos:
Padre Manuel Bernardes (1644-1710): Produziu uma obra de cunho místico e moralista (didático). Sua principal obra: Nova floresta.
Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622): Poeta bucólico. Escreveu obras como: Romanceiro, Pastor peregrino.
Sóror Vilante do Céu 1601-1693:  escreveu poemas de cunho religioso. Principal obra: Rimas variadas.

Padre Antonio Viera:
Nasceu em Lisboa em 1608. Com 7 anos vem ao Brasil (Bahia).  Em 1623, entra na para a Companhia de Jesus. Após a restauração (1640), movimento pelo qual Portugal se liberta-se do domínio espanhol, ele retorna a Portugal.
Politicamente: Era conhecido como defensor dos índios. 
Considerado o maior orador sacro da história portuguesa, critica os pregadores cultistas por terem discursos ocos.
 Podemos dividir sua obra em 3: Profecias, Sermões e cartas
Profecias:
 (História do Futuro, Esperança de Portugal, Clavis prophetarum). nesses sermões, nota-se o sebastianismo e as esperanças de que Portugal se tornaria o Quinto império do mundo. Isso estaria escrito na Bíblia.
Sermões.: São quase 200 sermões. o melhor da obra de Vieira. de estilo barroco conceptista, totalmente oposto ao Gongorismo. Um dos seus principais sermões é o Sermão da Sextagésima conhecido também como A palavra de DEUS.  Nesse sermão que é a demonstração de uma verdadeira arte de pregar Viera queria mostrar “ porque não frutifica a Palavra de Deus na terra”.
“ Ora, suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus”?
e Sermão de Santo Antonio ou Sermão aos peixes: fala a respeito da escravidão dos indígenas.
Cartas:  São cerca de 500 cartas que tratam do realcionamento entre Portugal e Holanda, a inquisição, a situação da colônia etc: São importantes documentos históricos.

Atividades:  1) O barroco literário apresenta basicamente dois estilos: cultismo e conceptivismo. Associe:
(1)   Cultismo                              (    ) raciocínio lógico
(2)   Conceptivismo                   (    ) linguagem rebuscada
(    ) Retórica aprimorada
                                                               (    ) estilo utilizado por Vieira
                                                               (    ) valorização do pormenor
2) Assinale a incorreta:
O barroco surgiu como reação aos ideais da Idade Média e à valorização demasiada da Antiguidade clássica, apresentando:
a) a fusão do teocentrismo com o antropocentrismo
b) predomínio do equilíbrio em todas as formas artísticas
c) estilo rebuscado com manifestação de angústia
e) Predomínio de forma, cor e riqueza, em detrimento do conteúdo.
f) a fusão do pecado com o perdão.
3)  “ Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é: O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas , o roubar com muito faz, os Alexandres...O ladrão que furta para comer não vai , nem leva para o inferno: os que não são vão, mas que levam , de que eu trato, são os outros
___ ladrões de maior calibre e de mais alta esfera... Os ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos, ou outros furtam debaixo de seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros se furtam são enforcados, estes furtam e enforcam. “ ( Sermão do bom ladrão – Vieira)
a)     O autor recorre ao cultismo da linguagem com o intuito de convencer o ouvinte e por isto cria um jogo de imagens.
b)     Vieira recorre ao preciosismo da linguagem, isto é, através de fatos corriqueiros, cotidisnos, procura converter o ouvinte
c)     Padre Vieira emprega, principalmente, o Conceptivismo, ou seja, o predomínio das idéias, da lógica do raciocínio.
d)     O pregador procura ensinar preceitos religiosos ao  ouvinte, o que era prática commum entre os escritores gongóricos.

4) A respeito do Padre Antonio Vieira, pode-se afirmar:
a) Embora vivesse no Brasil, por sua formação lusitana não se ocupou de problemas locais.

domingo, 20 de março de 2011

Classicismo (2)

A influência de Platão em Camões

Platão e sua filosofia foram retomadas em meados do século XV pelos humanistas da cidade de Florença e marcaram fortemente toda a produção literária do Renascimento. Percebe-se bem nítidamente essa influência de Platão em várias composições de Camões tanto em alguns sonetos quanto nas redondilhas de Babel e Sião.
Platão concebia dois mundos: o mundo sensível, em que habitamos, e o mundo inteligível, das idéias puras. Neste, encontramos as divinas essências, as verdades : Deus, o Belo, o Bom, a sabedoria, o Amor, a Justiça etc. No mundo sensível, as realidades concretas são simples sombras, ou reflexos das idéias puras. As almas, que são imortais, habitam o mundo inteligível; quando as almas caem da esfera inteligível para o sensível, conservam uma recordação que podem avivar por meio da reminiscência. Há dessa forma, uma constante busca do ideal, que não é mais do que uma tentativa de ascenção do mundo sensível (das realidades concretas - meras imitações) ao mundo inteligível (mundo da essência e da verdade universal).

No mundo sensível, temos tudo o que é expressão particular: amores particulares, verdades particulares etc. No mundo inteligível, temos A essência de tudo o que é particular: Amor (com a maiúscula) etc.
É o Amor platônico.

Essas idéias de platão foram apresentadas formalmente mediante uma figura de estilo que se chama alegoria. O próprio texto de platão se chama Alegoria da Caverna. Vejamos um pouco como as idéias podem ser resumidas por um desenho.

Esta imagem mostra um pouco o que platão escreveu para simbolizar a condição do ser humano de maneira geral.

O Amor: Um dos temas mais ricos da poesia camoniana é o Amor visto como idéia (neoplatonismo) e o amor visto como manifestaão de carnalidade. No Amor enquanto idéia ou espiritualidade, que conduz a uma idealização da mulher, é nítida a influência da poesia de Petrarca e, por extensão de de Dante.
A mulher amada é sempre retrada de forma ideal, como um ser superior, angelixal, perfeito.
Por outro lado, a própria vida atribulada do poeta, sua experiência concreta (do mundo sensível) o leva a cantar não mais um amor espiritualizado maisum amor terreno, carnal, erótico). É a vênus que aparece em inúmeras poesias líricas e também em os lusíadas.  A impossibilidade de obter uma síntese desses  dois amores leva a poesia camoniana algumas vezes a uma contradição que se manifesta no uso de antíteses.

O " desconcerto do mundo" - Foi outro tema importante em Camões. Foi um dos temas que o perturbou, manifestando-se nas injustiças, no prêmio aos maus e no castigo aos bons; na ambição e na tentativa de guardar bens que acabam no nada (morte), nos sofrimentos constantes num conflito entre o ser et o dever ser.   

 " Quem pode ser no mundoi tão quieto
ou quem terá tão livre o pensamento
(ao)
ver e notar do mundo o desconcerto?"

Diante dessa questão que o angustiou tanto, o poeta parece não achar solução e se conforma. Esse inconformismo se manifesta nos seguintes versos:

"Os bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos,
e, para mais me espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contetamentos.

Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau. Mas fu castigado.
Assim que só para mim
anda o mundo concertado."

 Fontes: Livro Literatura Portuguesa: da Idade Média a Fernando Pessoa.

sábado, 19 de março de 2011

O Classicismo Português (1)

O Classicismo se inicia em portugal no ano de 1527. O marco cronológico inicial desse período é a volta de Sá de miranda a Portugal, após passar seis anos na Itália. Ele vai introduzir em Portugal novos conceitos de arte e um novo ideal de poesia, conhecidos como dolce stil nuevo (doce estilo novo).
Em oposição ao ideal quatrocentista de poesia, escritas em redondilha maior ou menor, Sá de Miranda Traz da Itália a medida nova (versos decassílabos), já cultivada por Dante Alighieri e Francisco Petrarca.
Novas formas poéticas de inspiração clássica passam a ser compostas pelos artistas chamados humanistas: O soneto ( composição de 14 versos dividido em dois quartetos e dois tercetos), a Ode (poesia de exaltação), a Elegia (composição inspirada em sentimentos tristes), a écloga (composição amorosa pastoril, a epístola (composição poética à maneira de uma carta)

O século XVI é considerado um período áureo da arte et perticularmente da literatura portuguesa. Ao lado das maravilhosos monumentos arquitetônicos do periódo manuelino (governo de D. Manuel), temos a produção do humanista Gil vicente, e o renascimento português encontra sua máxima expressão em Luís de Camões. Também, é no século XVI que a língua portuguesa assume contornos definitivos, iniciando o período de Portugal Moderno.

O Renascimento em Portugal

No século XIV, verifica-se o fim do monopólio clerical no que diz respeito à cultura. Os filhos dos burgueses começam a frequentar as universidades e a tomar contato com uma cultura desligada dos conceitos medievais.
A nova realidade econômica vivida pela Europa com a decadência do feudalismo e o fortalecimento da burguesia exige uma nova cultura, mais liberal, antropocêntrica, identificada com o mercantilismo.

Renascimento teve por berceau a Itália antes de se estender aos demais países europeus.

Características do Classicismo:

O Classicismo é a época literária que se fundamenta na imitação da estética literária seguida pelos mestres da Antiguidade clássica greco-romana. Imitava-se primeiro a Itália e depois a Antiguidade. A literatura passa a se caracterizar pela retomada da mitologia pagã, pela perfeição estética, marcada pela pureza de formas. Os homens do séculos XVI acreditavam que os antigos gredos e romanos eram detentores dos ideais de beleza. Dessa forma, Platão, homero, Virgílio e outros mestres da Antiguidade são imitados como valores eternos.
A poesia adota certas formas poéticas fixas, sujeitas a determinadas regras. Com isso surge um novo conceito de poesia, uma vez que os poetas se sentem mais preparados intelectualmente se comparados aos poetas medievas medievas. Os  temas são vários: reflexão moral, filosofia, lirismo amoros, política et...
Quanto à métrica, ao lado de uma herança medieval, representada pelas redondilhas, usa-se a medida nova.

Além do Soneto introduzido em Portugal por Sá de Miranda, o Classicismo cultiva a epopéia, segundo os modelos de Homero (Ilíada e Odisséia) e de Virgílio (Eneida).

A Produção Literária

Luís Vaz de Camões

A vida de Camões ainda permanece cheia de dúvidas. Admite-se como a data mais provável de seu nascimento ano de 1524. É considerado como o maior escritor português de todos os tempos.
Sua obra é composta de poesia lírica , uma poesia épica, três peças para teatro e almas cartas.

Camões lírico:

Camões é tradicionalmente considerado o maior poeta lírico português. Sua poesia lírica apresenta-se marcada por uma dualidade: uma poesia de nítida herança da tradicional poesia portuguesa, inclusive escritos em redondilhas e uma poesia perfeitamnete enquadrada no estilo novo do renascimento. Entretanto, não se pode dizer que Camões tenha conseguido isolar sua influências; pelo contrário elas se encontram misturadas, fundidas, resultando daí uma obra típica do século XVI.

Para uma visão da poesia lírica camoniana, passamos a uma rápida caracterização dos principais temas abordados:

Poesia tradicional - A herança das cantigas trovadores aparece principalmente nas redondilhas. O mar, a fonte, a natureza surgem constantemente em diálogos, lembrando as cantigas de amigo.

Cantiga

" Cantiga alheia:
        Na fonte está Lianor
        Lavando a talha e chorando
        As amigas perguntando:
         - Vistes lá o meu amor? "

Como se pode observar, é a mesma temática das cantigas de Amigo, só que agora escrita em terceira pessoa, e não mais em primeira, ou seja, o poetas não mais escreve colocando-se no lugar da mulher, mas escreve sobre a mulher angustiada à espera de seu namorado.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Literatura Portuguesa : Trovadorismo e Humanismo


A literatura portuguesa se divide em três longos espaços de tempos, acompanhando as grandes transformações vividas pela Europa: Era medieval, Era Clássica e Era romântica ou Moderna.

A Era Medieval: (Esse período se inicia com o texto mais antigo da literatura portuguesa: a Canção de Ribeirinha (1198) também conhecida como Canção de guarvaia), de Paio Soares de Taveirós. A Era Medieval vai até 1527 e  se divide em dois períodos:

Trovadorismo e Humanismo. 

A cultura trovadoresca, surgida entre os séculos XI e XII, reflete bem o momento histórico que caracteriza o período. Na Europa era o momento das cruzadas, na península ibérica, a luta contra os mouros. O poder político estava dominado pelo feudalismo ao passo que o poder espiritual estava nas mãos do clero católico, detentor da cultura e responsável pelo pensamento teocêntrico (Deus como centro de todas as coisas).
Veremos mais para frente como  este sistema político será transferido na poesia: O amor vai ser uma relação de vassalagem feudal já que as formas de pensamento são feudais. O que quer dizer que o Feudalismo engendra uma forma de pensar feudal. Como o capitalismo engendra uma forma de pensar capitalista.

Características e origem do trovadorismo:

Trovadorismo ou 1ª época Medieval, é o período que se estende de 1189 – data provável da Canção da Ribeirinha, cantiga de Amor de Paio Soares de Taveirós, considerado o mais antigo texto escrito em galego-português – até 1434, com a nomeação de Fernão Lopes para o cargo de cronista-mor da Torre do Tombo.

A literatura medieval portuguesa tem sua origem em Provença, região do sul da França. E nessa região que se desenvolve a arte dos trovadores que tanto vai influenciar as cantigas de amor em Portugal. Isso não significa que os trovadores portugueses se limitavam a ume mera imitação.
Intercambio entre portugueses e provençais pela proximidade geográfica e pelo amplo desenvolvimento comercial.
As peregrinações a Santiago de Compostela. Isso facilitava a confraternização cultural.
Casamentos de reis e nobres portugueses com mulheres da nobreza provençal que traziam no séqüito um trovador (poeta).
Todos os textos poéticos dessa primeira época medieval eram acompanhados por música e normalmente cantados em coro, daí o nome de Cantigas.  Isso ocasionou uma verdadeira hierarquia de artistas.

Trovador: era um poeta, quase sempre nobre, que compunha sem preocupações financeiras. Fazia trovas (composições que aliava a poesia à música).

O Segrel, Jogral ou Menestrel: Era um homem de condição social inferior, que exercia sua profissão de castelo em castelo, entretendo a alta nobreza.

Soldadeira ou Jogralesa: moça que dançava, cantava e tocava pandeiro ou castanholas.

Quando a literatura provençal chegou a Portugal, encontrou uma forma de poesia folclórica local falada na língua galega e marcada por bailados.
A associação das duas estéticas gerou novas formas poéticas conhecidas como:
Cantigas de Amigo, de Amor,
de Escárnio e de Maldizer.

 Podemos reconhecer dois grandes grupos de cantigas: as cantigas líricas e as cantigas satíricas.  As cantigas líricas são: as cantigas de amigo e as cantigas de amor. As cantigas satíricas são: as cantigas de escárnio e de maldizer.

As Cantigas de amigo

De procedência galego-portuguesa. O ambiente é rural (popular) e todas as composições da época eram feitas por homens. Porém, o eu lírico era feminino. Isto é: o poeta faz a namorada falar, ela que expressa os sentimentos de amor, ela quem os dirige ao namorado (amigo).
Podemos dizer que o poeta (trovador) se finge de mulher, ou mesmo transforma-se nela por um esforço admirável de imaginação. A principal característica das cantigas de amigo é o sentimento feminino que exprimem apesar de escritas por homens.
Agora é a mulher quem sofre por se ver separada do amigo (amante ou namorado); a mulher vive angustiada por não saber se o amigo voltará ou não, se a trocará por outra etc. O ambiente descrito nas cantigas de amigo não é mais a Corte, mas a zona rural, a mulher é sempre uma camponesa.

As cantigas de Amigo apresentam um trabalho formal mais apurado em relação às cantigas de amor.  É comum a utilização de do paralelismo (versos que se repetem no final de cada estrofe).

 Exemplo de cantiga de amigo (de D. Dinis)

Ai flores, ai flores do verde pino,
Se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u são?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
Se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u são?
Se sabedes novas do meu amigo,
Aqui que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u são?
Se sabedes novas do meu amado,
Aqui que mentiu do que mi há jurado!
Ai Deus, e u são?”
(...)

Essa Cantiga foi composta por D. Dinis, considerado como o melhor trovador português.

Paralelística.

A técnica consiste em repetir a idéia central em duas séries de estrofes paralelas, ou seja, mudando apenas a última palavra do verso:

Exemplo:
Ai flores do verde pinho
Se sabedes novas do meu amigo
Ai flores do verde ramo,
Se sabedes novas do meu amado.

As cantigas de amigo dependendo do cenário, do local marcado para o encontro, ou do assunto podem dividir-se em:

Albas: o tema relaciona-se com o amanhecer, cantigas que saúdam o sol.
Serenas: Temas em relação com o poente. (vão louvar o poente)
Barcarolas: tema em relação com o mar, rio ou lago
Bailias ou bailadas: Temas que se referem às danças
Romarias: apropriadas para comemorações religiosas.

As Cantigas líricas: Cantigas de Amor e de Amigo

Cantigas de amor (sofrimento por amor) entre século XI - XIII

As cantigas de amor são origem francesa. Distinguem-se das de amigo, em primeiro lugar, por ser o homem que fala. Essas cantigas fazem ou louvor da pessoa amada. Para cantar os dotes dessa pessoa amada, o poeta recorre á natureza que empresta os símbolos e elementos de comparação. Revela as cantigas de amor maior cultura, porém mais artificialismo. Uma característica essencial dessa poesia é a vassalagem de amor:
A vassalagem de amor é a teoria do amor cortês.

Características;

O ambiente das cantigas de amor é sempre o palácio, com o trovador declarando seu amor por uma dama tratada de “senhor” daí, o relacionamento respeitoso, cortês, dentre dois mais puros padrões medievais que caracterizam a vassalagem, a servidão amorosa. Dessa forma, a mulher é vista como um ser inatingível, uma figura idealizada. Palavras características desse amor como: “ Coita d´Amor” representava o sofrimento amoroso. Coitado em galego-português significava: apaixonado, aflito, sofrido.  o tratamento é respeitoso, sendo a dama sempre referida como senhor. 

Um exemplo de cantiga de amor:

No mundo não me sei parelha
mentre me for como me vai,
ca já moiro por vos ai!
Mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraya
Quando vos eu vi em saya.
Mão dia me levantei
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquel dia´, ai!
Me foi a mi mui mal
E vos, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D´aver eu por guarvaia
Pois eu, mia senhor, d´alfaia
Nunca de vos houve nen hei vali d´ua correa

Tradução:

No mundo ninguém se assemelha a mim (Parela: semelhança)
enquanto a minha vida continuar como vai
Porque morro por vós, e aí
Minha senhora de pele alva e faces rosadas,
Quereis que vós descreva (retrate)
Quando vos eu vi sem manto (saia: roupa íntima)
Maldito dia me levantei
Que não vos vi feia (ou seja, a viu mais bela)
E, minha senhora, desde aquele dia, aí
 tudo me foi muito mal
e vós, filha de don Pai
Moriz, e bem vós parece
De ter eu por vós guarvaia (roupas luxiosas)
Pois eu, minha senhora, como mimo (ou prova de amor) de vós nunca recebi
Algo mesmo, sem valor. (Correa: coisa sem valor)

Esse texto é a Cantiga de Ribeirinha, considerada como a primeira obra em língua portuguesa.  Não se sabe exatamente a data de publicação podendo ser 1189 ou 1198. Trata-se de uma cantiga de amor, cujo autor é Paio Soares de Taveirós e foi dirigida a Maria Paes Ribeiro, a “Ribeirinha”, amante de Dom Sancho I. A mulher mais cobiçada naquela época.

As cantigas satíricas: Cantigas de escárnio e de maldizer

Cantiga de escárnio

A cantiga de escárnio faz uma crítica indireta, de forma irônica, sem aludir ao nome da pessoa criticada. A terminologia é elegante e discreta, a crítica é subentendida.

Cantiga de maldizer:

Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira direta e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavrões.  Os criticados são nobres decadentes, mulheres de vida duvidosa e assim por diante.

Exemplo de cantiga de maldizer de Joan Garcia de Guilhade

Ai dona fea foste-vos queixar
que vos nunca louv'en meu trobar
mais ora quero fazer un cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!
ai dona fea! Se Deus mi pardon!
pois avedes tan gran coraçon
que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já en bom cantar farei
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!”

Esse texto é considerado como cantiga de escárnio já que a sátira é indireta e não cita-se o nome da pessoa especifica. Mas, se o nome fosse citado ela seria uma Cantiga de Maldizer.

A prosa  medieval

            Além das cantigas literárias, na época do Trovadorismo apareceram também as novelas de cavalaria. São as aventuras heróicas e místicas da cavalaria, que falavam de grandes batalhas e guerras contra os inimigos da honra e da religião, os grandes e belos salvamentos das donzelas, a luta contra monstros, a proteção de pobres indefesos, a proteção dos feudos e dos reinos, etc.
            A primeira novela de cavalaria de que se tem notícia surgiu na Bretanha: Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, que depois se espalharam por toda a Europa cristã. Algumas novelas tiveram grande repercussão em Portugal. São elas: A Demanda do Santo Graal, José de Arimatéia, Amadis de Gaula.
Em geral estas histórias narravam as aventuras de cavaleiros (representantes do bem) que lutavam para vencer o mal, estes cavaleiros representavam os padrões da igreja católica e estava disposto a realizar inúmeros sacrifícios para defender a honra cristã. Costumeiramente as novelas de Cavalaria não possuíam autoria e eram utilizadas para propagar pela Europa a fé cristã.

Atividade:

1) Leia o texto abaixo:
Brisa do mar
Confidente do meu coração
Me sinto Capaz de uma nova ilusão

Que também passará
Como ondas na Beira de um cais
Juras, promessas, canções
Mas por onde andarás

Pras ser feliz não há lei
Não há porém sempre é bom
Viver a vida atento ao que diz
 No fundo do peito o seu coração

E saber entender
Os segredos que ele ensinou
Mensagens sutis
Como a brisa do mar 

Nana Caymmi.


O texto tem semelhança com um tipo de cantiga trovadoresca.

a) Que tipo de cantiga é essa?
b) Justifique a sua resposta

2) Assinale a alternativa incorreta:

a)    Na cantiga de amor o eu lírico é feminino
b)    Na cantiga de amor, o trovador canta o sofrimento do amor não correspondido.
c)    Na cantiga de escárnio a crítica é feita de forma indireta
d)    Na cantiga de amigo, a mulher faz uma queixa a alguém ou a um elemento da natureza por ter sido abandonada ou esquecida pelo amado.
e)    Na cantiga de maldizer a crítica é feita de maneira sutil.